27 abril 2006

Let’s never stop falling in love

I wish a falling star could fall forever
And sparkle through the clouds and stormy weather
And in the darkness of the night
The star would shine a glimmering light
And hover above our love

Please hold me close and whisper that you love me
And promise that your dreams are only of me
When you are near, everything’s clear
Earth is a beautiful heaven
Always I hope that we follow the star
And be forever floating above

I know a falling star can’t fall forever
But let’s never stop falling in love

When you are near, everything’s clear
Earth is a beautiful heaven
Always I hope that we shine like the star
And be forever floating above

I know a falling star can’t fall forever
And let’s never stop falling in love
No let’s never stop falling in love

(Thomas M Lauderdale e China Forbes, Pink Martini, 2004)

24 abril 2006

O homem lá dentro

O último joint de Spike Lee é uma deambulação pelo clássico assalto ao banco, com reféns e negociador e tudo. E, mesmo sendo uma produção a la Hollywood, vale o tempo. É diversão, aqui e ali salpicada de crítica sociopolítica, com desempenhos interessantes.

Só gostaria de saber – porque me deixou na dúvida até ao genérico final – o que se passou na cabeça do génio português que decidiu que The Inside Man por cá deveria chamar-se Infiltrado? Quanto muito Infiltrados. Por favor, senhores editores e distribuidores: vejam os filmes antes de lhes traduzirem os títulos…

21 abril 2006

IC19

Enquanto bebia o primeiro café, dei comigo a observar a emissão em directo do heli da TVI (mais uma vez, sim…) e a rir-me – mas para dentro, que a esta hora parece mal rir da televisão ou do que seja, as pessoas ainda não entraram no dia e julgam-nos tontos –, a rir-me da luta quotidiana de milhares de portugueses enquanto tentam chegar à grande cidade a partir das periferias.

Deve ser cómodo e importante, ter carro para andar a 10 à hora, chegar tarde ao emprego, ter de inventar lugar para estacionar. Sempre me recusei, quando pude, a entrar neste ritmo de desperdício e de absurdo. Para desperdícios e absurdos já me chegam aqueles a que vou assistindo, e ainda é só o primeiro café do dia.

Lembro-me sempre daquela pergunta que ciclicamente fazem aos automobilistas que saiem da cidade ao final da tarde no meio de um engarrafamento: Para si é absolutamente necessário vir de automóvel para o emprego? Sim, sim, sabe, não tenho hora certa para sair e… Ah, claro, sou comercial sabe…

O que me leva a pensar que, se há tanta gente com horários desencontrados e tantos comerciais, porque raio os engarrafamentos são sempre nas mesmas alturas do dia? E, já agora, o que é que os delegados vendem, carros?

Leva-me também a pensar na decisão de sair da grande cidade e recolher à província, em busca de outro ritmo, em que as preocupações se centram noutros aspectos do quotidiano, muito distantes do lugar para estacionar ou do horário.

Espero poder manter essa decisão durante muito tempo, porque não me imagino a ser diariamente sobrevoado por um helicóptero que espia os meus passos sofridos e os transforma em mercadoria, que eu próprio vou comprando.

19 abril 2006

1977.04.19

18 abril 2006

Em directo

Acabei de vir do supermercado e assisti a um evento espantoso. Dezenas de pessoas fixadas nas televisões – sim, as que estão lá à venda…–, todas sintonizadas no mesmo canal. O programa era missa.

Deduzi: “as palavras do bispo ecoaram aos quatro cantos e agora vamos todos poder ver televisão, desde que seja a eucaristia…” Depois achei que era uma conversão mesmo milagrosa; tinha tudo para ser acto divino, tão súbito, tão global…

Afinal, tratava-se de uma missa em memória de um jovem actor que se finou na estrada em viagem pascal. A coisa mais impressionante e ilustrativa do que é o nosso Portugal a que pude assistir nos últimos tempos.

Aliás, foi uma semana recheada de situações paradigmáticas. Depois da debandada que começou em S. Bento e deixou o país em suspenso, apesar de todas as dificuldades e do défice produtivo, somente uma manifestação de milhares de pessoas a acorrerem às exéquias de um actor dos Morangos com Açúcar (aparentemente por pertencer ao elenco da dita série) me poderia deixar espantado.

Das duas uma. Ou ando a perder uma série fantástica, que faria de mim uma pessoa melhor e mais adequada a esta sociedade, ou então…

PS: Reparo agora na coincidência macabra de ter chamado “choque frontal” ao post sobre os baldas de S. Bento. Que raio de associações que a gente faz, irra…

13 abril 2006

Parabéns OVNI

Hoje a OVNI faz oficialmente 1 ano! Um ano de aprendizagem, numa viagem que – espero – nos vai levar muito longe.

Prometemos, ao contrário de algumas pessoas, não faltar à chamada… excepto quando estivermos em missão intergaláctica!

Parabéns Pi, Susana, Helder e Paula. Parabéns a todos os outros que têm contribuído de alguma forma para que este projecto passe das ideias aos livros. E estão quase aí…

(Eu sei que o link aponta para uma página que precisa de reciclagem, mas com tantas valências não é fácil ter tempo para entrar na do webdesign. Com a ajuda do amigo Tóni, lá chegaremos, lá chegaremos…)

Choque frontal

Falta de deputados no Parlamento
impede votação de leis


A ausência de 120 dos 230 deputados da Assembleia da República inviabilizou ontem a votação de legislação por falta de quórum, apesar de a maioria ter assinado o livro de presenças no início da sessão.

De acordo com o secretário da mesa da Assembleia da República (AR), o deputado social-democrata Fernando Santos Pereira, faltaram às votações 107 deputados (50 do PSD, 49 do PS, 5 do CDS-PP, 2 do PCP e 1 do BE), sem contar com as 13 ausências justificadas por missão no estrangeiro.

[…]

Quase todos os deputados do PS assinaram o livro de presenças (114 em 121), tal como a maioria dos sociais-democratas (52 em 75), dos comunistas (dez em 12), dos democratas-cristãos (nove em 12), dos bloquistas (sete em oito) e a totalidade de "Os Verdes" (dois em dois).

Contudo, no final da sessão estavam presentes apenas 66 socialistas, 21 sociais-democratas, oito comunistas, seis democratas-cristãos e os sete bloquistas e os dois ecologistas que assinaram o livro. Em missão parlamentar no estrangeiro estiveram seis socialistas, quatro sociais-democratas, dois comunistas e um democrata-cristão. […]”

(Texto integral no Público, 13.04.2006)

12 abril 2006

Arreganhar o dente

O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unhas e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente

Ana Hatherly (Porto, 1929)


Poema enviado pelo Cisco, que não quis ficar atrás da Assírio…

Flor+cor=calor

11 abril 2006

Autopoesia

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill (1924-1986)
Poesias Completas


Poema auto-enviado a partir do site da Assírio & Alvim.

10 abril 2006

O primeiro

“2006, uma paulicéia no espaço

Com apenas quarenta anos de mora, o Brasil conquista o espaço.

[…]

Infelizmente, a cosmonáutica é apenas mais uma prova da ignorância do nosso povo, que canta e é feliz, mas se desdobra em reiterar o desconhecimento da própria história. Aos 15 de outubro de 1957, muito antes de Gagarin, o Brasil ô-ô já ia ao espaço.

O célebre caso Antônio Villas-Boas, agricultor, brasileiro, gente que jaz, covardemente abduzido por três seres de baixa estatura com capacetes incrementados. Que após um exame traumático e minucioso, foi convencido a fazer amor com algo, em suas palavras, "bastante parecido com uma mulher".

Deixaremos os detalhes desta cópula sórdida, pública e aberrante a cargo da imaginação do leitor, para destacar que a expedição, inédita, foi muito mais que uma mera viadagem no espaço. Quando retornou a sua fazenda, Tonico percebeu que também viajara no tempo! Sim, sim, salabim: voltara seis horas antes da abdução.

Vejam, portanto, como samos avançados -- a despeito das doenças tropicais. Muito antes das outras nações terem espasmos alucinatórios com Ícaro, dominávamos não apenas o eixo z, mas até a quarta dimensão. E não se trata de uma conquista apenas tecnológica, meus caros, há de se ressaltar o caráter altamente heróico do nosso herói brasileiro.

Um verdadeiro herói: em vez de matar seu antigo eu, criando um paradoxo espaço-temporal avassalador, preferiu a pecha de pirobo e lunático. Ou por outra: fez questão. Sempre por aí, uivando e se rebolando pra dar exemplo, esse é o povo brasileiro. Viva o povo brasileiro.

O Universo, 40 Dias Antes do Nada

(Excerto de um post de Mozart no Dies Iræ, 18 de Fevereiro de 2006)

Segunda-feira

Bem sei que depois de tão longo período de abandono estas páginas mereciam textos mais adequados à nova estação, com mais optimismo, mais vida. Mas este lado negro não pára de me atazanar. Talvez tentando ler com humor…

Assunto: proposta para prestação de serviços de tradução e processamanto de texto
Para: editora@xxxxx.pt

exmos srs.

fulano de tal, eurologo, vem por este meio candidatar-se á
prestação de serviços de fdadução , e digitação avancadade textos
para a vossa editora.
sou eurologo, especializado em traduções e transcrições de e para
ingles e frances, com 10 anos de esperiencia profissional , nas areas
em questão
e com vastos projectos efectuados tanato em portugal como no estrageiro
traduzo, comprecisao e competencia, para quiasuer assuntos ou areas.
juramanto trabalhos a pedido
solicito se possivel contcto msn ,messenger, pata estabelecimento de
rotina de trabalho. detal_fulano@hotmail.com- msn messenger
envio cv a pedido para apreciação
para quaisquer eventuais esclarecimentos contactar
fulano de tal
email -fulanode.tal@gmail.com

sem mais assunto de momento
atenciosamante
fulano de tal

Trata-se de um e-mail recebido numa editora com a qual colaboro. Procurei, talvez demasiado benevolentemente, esconder os elementos de identificação…

Se os denominados especialistas se prestam a isto, que será de nós?