Mote
Falava apenas com palavras sem acento. Jamais se enganava. Jamais deixava aquele tom uniforme. Nem altos nem baixos. Nem picos nem quedas abruptas. Havia muito que eliminara as teclas ociosas do seu teclado. Os sons que cessara de emitir perdera-os num registo empoeirado, algures nos confins da sua biografia.
Sempre invejara aquela tipografia perfeitamente alinhada dos textos estrangeiros. Ficavam bem arrumadas as palavras. E todas juntas iam construindo uma rara harmonia entre forma e sentido.
Mas estava impossibilitado de falar de si. De dizer o seu nome. De o escrever. Nome velho. Esquecido como as letras acentuadas de que era dito. Tanto que desapareceu como as outras palavras que diziam dos demais, palavras que chamavam, palavras que ofereciam. Algumas que magoavam, ou que feriam de morte.
Sempre invejara aquela tipografia perfeitamente alinhada dos textos estrangeiros. Ficavam bem arrumadas as palavras. E todas juntas iam construindo uma rara harmonia entre forma e sentido.
Mas estava impossibilitado de falar de si. De dizer o seu nome. De o escrever. Nome velho. Esquecido como as letras acentuadas de que era dito. Tanto que desapareceu como as outras palavras que diziam dos demais, palavras que chamavam, palavras que ofereciam. Algumas que magoavam, ou que feriam de morte.
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