13 janeiro 2006

Sem cadastro

Tentei prolongar o meu silêncio o mais que pude. Achei que este ano ficaria mais limpo, mais leve, se fosse deixando passar as folhas de calendário em branco, sem mácula, até que algo me surpreendesse de forma tal que me não deixasse alternativa senão inundar as folhas que hão-de vir de uma esperança libertadora.
Mas as folhas começaram a acumular-se, a ficar amareladas. Não há nada que o tempo não julgue.
E depois vai-se acumulando também esta ânsia de disparar. Esta ânsia de dizer: «abaixo a tragédia!».


Por estes dias tenho visto uma vida que vai crescendo a um ritmo espantoso. Sim, já se nota a sua força a despontar: a mãe começa a dar-se conta de um peso-vivo que a faz transformar-se minuto a minuto; o pai repara como se vai impondo na silhueta, conta-lhe segredos. Segunda-feira voltam a ver-se, naquela intrusão regular que os aproxima e seduz.

Prometo que não te vou contar sobre este absurdo que nos violenta dia-a-dia. Hoje são as escutas, ontem o nuclear, amanhã outra imbecilidade que nos faça continuar a andar sempre à volta dos mesmos. Sexta há o Kleber, domingo a bola… e ficamos prontos para mais uma mão cheia de folhas de calendário.

Prometo que não te vou assustar antes do tempo. E prometo que vou falar baixinho, para eles não ouvirem enquanto conspiramos...

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