11 abril 2006

Autopoesia

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill (1924-1986)
Poesias Completas


Poema auto-enviado a partir do site da Assírio & Alvim.

3 Comments:

Blogger Phil's Studio said...

"Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca"(...)

Lindo.

12/4/06 11:31  
Anonymous Anónimo said...

As palavras valem quando "[...]têm sangue dentro delas"

18/4/06 20:24  
Anonymous Anónimo said...

(Autopoesia também)
O que fiz de meus sonhos?
Eles não foram esquecidos!
Foram acumulados
Como caixas vazias de papelão
Num canto de parede
Uns sobre os outros, sem qualquer ordem
Esperando o dia de serem jogados fora
Pela inutilidade.
(Roberto Dantujo - 2006)

4/12/06 03:16  

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