18 abril 2006

Em directo

Acabei de vir do supermercado e assisti a um evento espantoso. Dezenas de pessoas fixadas nas televisões – sim, as que estão lá à venda…–, todas sintonizadas no mesmo canal. O programa era missa.

Deduzi: “as palavras do bispo ecoaram aos quatro cantos e agora vamos todos poder ver televisão, desde que seja a eucaristia…” Depois achei que era uma conversão mesmo milagrosa; tinha tudo para ser acto divino, tão súbito, tão global…

Afinal, tratava-se de uma missa em memória de um jovem actor que se finou na estrada em viagem pascal. A coisa mais impressionante e ilustrativa do que é o nosso Portugal a que pude assistir nos últimos tempos.

Aliás, foi uma semana recheada de situações paradigmáticas. Depois da debandada que começou em S. Bento e deixou o país em suspenso, apesar de todas as dificuldades e do défice produtivo, somente uma manifestação de milhares de pessoas a acorrerem às exéquias de um actor dos Morangos com Açúcar (aparentemente por pertencer ao elenco da dita série) me poderia deixar espantado.

Das duas uma. Ou ando a perder uma série fantástica, que faria de mim uma pessoa melhor e mais adequada a esta sociedade, ou então…

PS: Reparo agora na coincidência macabra de ter chamado “choque frontal” ao post sobre os baldas de S. Bento. Que raio de associações que a gente faz, irra…

1 Comments:

Blogger Phil's Studio said...

Hoje sinto-me positivo...
Como tal, tento ver as coisas por um prisma positivo.
Não temos notícias sobre atentados no nosso país, guerras...
A súbida do petróleo já deixou de ser notícia, a crise económica veio para ficar, etc.
Acho que é bom sinal quando o destaque vai para o funeral de um jovem actor... para as baldas dos nossos representantes na assembleia da república...
Enfim, vivemos num jardim à beira-mar plantado...
Aquele abraço.

19/4/06 09:49  

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