IC19
Enquanto bebia o primeiro café, dei comigo a observar a emissão em directo do heli da TVI (mais uma vez, sim…) e a rir-me – mas para dentro, que a esta hora parece mal rir da televisão ou do que seja, as pessoas ainda não entraram no dia e julgam-nos tontos –, a rir-me da luta quotidiana de milhares de portugueses enquanto tentam chegar à grande cidade a partir das periferias.
Deve ser cómodo e importante, ter carro para andar a 10 à hora, chegar tarde ao emprego, ter de inventar lugar para estacionar. Sempre me recusei, quando pude, a entrar neste ritmo de desperdício e de absurdo. Para desperdícios e absurdos já me chegam aqueles a que vou assistindo, e ainda é só o primeiro café do dia.
Lembro-me sempre daquela pergunta que ciclicamente fazem aos automobilistas que saiem da cidade ao final da tarde no meio de um engarrafamento: Para si é absolutamente necessário vir de automóvel para o emprego? Sim, sim, sabe, não tenho hora certa para sair e… Ah, claro, sou comercial sabe…
O que me leva a pensar que, se há tanta gente com horários desencontrados e tantos comerciais, porque raio os engarrafamentos são sempre nas mesmas alturas do dia? E, já agora, o que é que os delegados vendem, carros?
Leva-me também a pensar na decisão de sair da grande cidade e recolher à província, em busca de outro ritmo, em que as preocupações se centram noutros aspectos do quotidiano, muito distantes do lugar para estacionar ou do horário.
Espero poder manter essa decisão durante muito tempo, porque não me imagino a ser diariamente sobrevoado por um helicóptero que espia os meus passos sofridos e os transforma em mercadoria, que eu próprio vou comprando.
Deve ser cómodo e importante, ter carro para andar a 10 à hora, chegar tarde ao emprego, ter de inventar lugar para estacionar. Sempre me recusei, quando pude, a entrar neste ritmo de desperdício e de absurdo. Para desperdícios e absurdos já me chegam aqueles a que vou assistindo, e ainda é só o primeiro café do dia.
Lembro-me sempre daquela pergunta que ciclicamente fazem aos automobilistas que saiem da cidade ao final da tarde no meio de um engarrafamento: Para si é absolutamente necessário vir de automóvel para o emprego? Sim, sim, sabe, não tenho hora certa para sair e… Ah, claro, sou comercial sabe…
O que me leva a pensar que, se há tanta gente com horários desencontrados e tantos comerciais, porque raio os engarrafamentos são sempre nas mesmas alturas do dia? E, já agora, o que é que os delegados vendem, carros?
Leva-me também a pensar na decisão de sair da grande cidade e recolher à província, em busca de outro ritmo, em que as preocupações se centram noutros aspectos do quotidiano, muito distantes do lugar para estacionar ou do horário.
Espero poder manter essa decisão durante muito tempo, porque não me imagino a ser diariamente sobrevoado por um helicóptero que espia os meus passos sofridos e os transforma em mercadoria, que eu próprio vou comprando.
1 Comments:
És um sortudo. Sabes, não sabes?
Manténs essa decisão porque tiveste alternativas; e (na minha perspectiva) decisiste muito bem.
A questão é mesmo essa: alternativas.
Também já vivi na Capital e optei por fazer 10 ou 15Km diaramente a 10Km/h. Era isso ou ir todos os dias pendurado (não é exagero) na porta do combóio.
Haja alternativas.
Querem ser radicais? (parece que está na moda) Eliminem uma faixa de rodagem em cada sentido do IC19 para os automóveis e pintem "BUS"; acrescentem autocarros suficientes. Na primeira semana, os engarrafamentos vão ser infernais; depois, as pessoas vão cansar-se de ver os autocarros a passar...
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