Liberdades
Esta data tem um significado especial. Porque se completam hoje dois anos desde que decidi abdicar do prazer do tabaco. Desde então têm sido muitos os momentos em que me congratulo pela decisão, bem mais do que aqueles em que sinto verdadeiramente a falta do travo inconfundível do Amsterdamer acabado de enrolar.
Curiosamente, festejei o primeiro ano de abstinência em Amesterdão, cidade de fumo.
A característica que mais me marcou nessa viagem foi um respeito tremendo pela diversidade, uma liberdade que se respira muito para além dos limites das coffee-shops, e que, para um mero observador, parece também ser uma liberdade respeitada; não vi marcas de abuso ou necessidade de controlo apertado. É como se essa abertura à diversidade reproduzisse ela própria um limite plástico, dentro do qual cabem inúmeras tendências comunicantes.
A noção de satisfação é algo que se reflecte na forma como as pessoas se relacionam, na forma como não se escondem e não ostentam: podemos passsar na rua e ver o interior das casas, sem pruridos e, certamente, sem o receio, que nos é tão caro neste cantinho, da inveja alheia.