26 maio 2008

O melhor do mundo


Na próxima semana assinala-se mais um Dia Mundial da Criança. É um bom pretexto para lembrar que há muitas crianças que gostariam que os seus pais fossem mesmo animais.

Etiquetas: , , , ,

Ferrugem III


(Encontrado aqui.)

Etiquetas: ,

22 maio 2008

Ferrugem II

«Portugal é o país da UE
com mais desigualdades
na distribuição de rendimentos

Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade. O Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) em 2007 conclui, no entanto, que os rendimentos se repartem mais uniformemente nos Estados-membros do que nos Estados Unidos, à excepção de Portugal.

[…] "Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é a mais desigual", salienta o documento que revela não haver qualquer correlação entre a igualdade de rendimentos e o nível de resultados económicos.

Contudo, se forem comparados os coeficientes de igualdade de rendimentos dos Estados-membros com o respectivo PIB (Produto Interno Bruto) por habitante constata-se que os países como um PIB mais elevado são, na sua generalidade, os mais igualitários.»
(Notícia no Público, 2008.05.22, com a Lusa; destaques meus.)

Quem acompanha as leituras que vêm sendo feitas deste estado a que chegámos, e as que, como muitos, tenho tornado públicas neste espaço, não pode admirar-se mesmo nada de as estatísticas e relatórios oficiais só virem confirmar o que todos vimos sentindo na pele. Portugal não é apenas um país pobre, é um país de pobres, de muitos pobres e de poucos muito ricos. Mas é à custa do flagelo dos muitos pobres que se vai mantendo o barco à tona. Porque se os grandes grupos económicos continuam a ter lucros altíssimos, se as Galps, as Brisas, as PTs e demais pesos-pesados fazem figura nos dividendos aos accionistas, isso deve-se a uma cobrança injusta sobre os utilizadores, que naturalmente penaliza os que menos têm. Se os lucros são muito elevados as hipóteses não são muitas:

a) o estado cobra menos impostos do que devia (o caso da banca e dos seguros é o mais óbvio);
b) os utilizadores pagam mais do que deviam;
c) as empresas investem menos do que deviam, nomeadamente ao nível dos postos de trabalho e das regalias sociais;
d) todas as anteriores.

A última frase da notícia – os países como um PIB mais elevado são, na sua generalidade, os mais igualitários –, que não é efectivamente uma surpresa, se pensarmos que não são os países mais ricos que mais pagam aos seus políticos e, imagino eu, aos seus gestores de topo, não pode deixar de levantar uma questão interessante:

Os países são mais igualitários porque são mais ricos
ou são mais ricos porque são mais igualitários?

Quer dizer, não serão os países que tratam melhor a maioria da população aqueles que mais dividendos colhem dessa aposta?

Por outras palavras, alguém acredita que uma pessoa consegue ser produtiva e contribuir para a riqueza nacional quando se sente chupada até ao tutano e só pode tentar sobreviver? Quando, por exemplo, se sabe que há centenas de cidadãos a quem é negada a reforma por invalidez nas situações mais abomináveis de que há memória, e depois vêem as mesmas juntas médicas atribuir esse estatuto a quem dele menos necessita (e merece)? Quando há imensas empresas que não são apoiadas na sua recuperação económica por falta de crédito, e indivíduos a quem são simplesmente esquecidas as dívidas por via do seu apelido amigável? Quando um mesmo indivíduo negoceia com uma empresa um contrato que implica (e prejudica) todos os cidadão e que, posteriormente, ele próprio assume as rédeas dessa empresa que foi beneficiada, à custa de todos os contribuintes?

E ainda há quem tenha a lata de dizer que tudo isto se deve ao cunho socialista da nossa Constituição? Onde é que entra aqui o socialismo? PQOP.

Etiquetas: , , ,

Que grande meoda

Com a propaganda do Meo e o Clix a “oferecer” umas mensalidades pensei: «Bom, se calhar isto do Meo até é capaz de ser porreiro, e o Clix já está a ver a vida a andar para trás para andar a “oferecer” coisas.» Resolvi ir ver.

Meus amigos: o Meo é uma roubalheira! Roubalheira sim. A um operador dominante no mercado, o mínimo que se pedia é que tivesse uma oferta verdadeiramente concorrencial, com um valor de acesso que estivesse, pelo menos, ao nível da oferta existente. Não, mais uma vez preferem enganar o pacóvio oferecendo prestações mais baixas durante uns meses, na ânsia de conseguirem clientes só porque se paga menos 4,90 EUR por mês. 55,00 EUR por mês?Internet de 8Mb, chamadas na rede PT, que grande meoda, é o que é.

Já o Meo mobile poderia ser interessante para algumas utilizações, sobretudo o de pagamento diário. Mas, mais uma vez, encerram-no dentro do âmbito de um só operador, limitando o funcionamento da rede e apostando nisso em vez de trabalharem mesmo bem.

É o Portugal habitual.

Etiquetas: , ,

20 maio 2008

Dá licença...?



Pena que não tenha podido participar na festa. Um voto de rápida recuperação ao baiano de Alvalade.

Etiquetas: , , ,

19 maio 2008

O protagonista

No primeiro jogo da época 2007/2008 o Sporting defrontou o Porto em Leiria e venceu com um (grande) golo de Izmailov. Valeu-lhe a Supertaça. Mas para os portistas o que contou foi um penálti por marcar que deu para justificar todos os gamanços a seu favor uma época inteira, incluindo golos em fora-de-jogo (em jogos seguidos), penáltis fantasma e até, pasme-se, livres indirectos dentro da área adversária por ter o guarda-redes agarrado a bola cortada por um defesa (por definição, só posso passar a bola a um companheiro se a tiver nos pés, se a roubo dos pés de um adversário não estou a passar, estou a cortar).

Há jogadores no FCP – sim, os mesmos que abandonaram o palco antes da consagração do adversário – que são autênticos selvagens, que não merecem jogar futebol nem terminar qualquer jogo em que participem. Não merecem ser campeões e só o são porque o futebol em Portugal é uma vigarice pegada. São a imagem do seu corrupto presidente, belicosos, insuportáveis, maus. A começar em Bruno Alves: nem a jogar contra um velho coxo e um franguito ele consegue abster-se de ser um animal. Acabou o jogo sem um amarelo, apesar de ter agredido um adversário sem bola e de não conseguir dominar os seus cotovelos. João Paulo é um erro de casting. A entrada é duríssima e seria sempre sancionada com vermelho (talvez não no Dragão...). Se tivesse acertado em cheio no Moutinho não teria sido só o Izmailov a sair lesionado (por porrada do Fucile que o árbitro deixou passar). Aliás, após a saída do russo, o jogo do Sporting decaíu assustadoramente. Estou para ver quanto jogos apanha o João Paulo, depois da cena que fez com o árbitro (ele e meia-equipa do FCP), depois do escândalo com o Derlei (para não falar do caso com Djaló), só se pede que seja pelo menos igual. Quaresma é outro que deve ter aprendido capoeira: não pode sentir um toque que se começa logo a dar ares de finório amarrotado, mas distribuir lambadas é com ele. As entradas dele e as do Grimi equivaleram-se, com a diferença que o argentino mostrou ao que ia. Um outro argentino, este do FCP, também revelou o que é ser artista lá para os lados das Antas: Lisandro, que pouco fez em todo o jogo, conseguiu ainda assim evidenciar os seus dotes de arruaceiro, ao atacar o capitão do Sporting, com a ajuda de Fucile. O árbitro nada viu, mas eu vi.

Para quem diz que o campo tombou para os verdes, também vi um golo anulado ao Romagnoli por estar, no máximo, em linha com o defesa. Fôra ao contrário e no Dragão, como seria? (Ah, se calhar foi para compensar o segundo do Sporting em Alvalade para a Liga, em que houve um fora-de-jogo mas foi golo – seria a velha táctica de compensar um erro com outro, tão ao gosto dos árbitros lusos?) Também acho curioso que se analise um lance fora da área ao pormenor (falta de Polga sobre Lisandro, que se faz ao penálti mas sem sucesso, o lance é mesmo fora da área) e se esqueça por completo um em que a bola entrou (e legalmente) na baliza, que foi o que fizeram exaustivamente os media nas últimas horas. E o golo ainda é o protagonista da bola, ou não?

Etiquetas: ,

16 maio 2008

Edson na TV



Graças ao excelente trabalho da equipa da ESECtv, o lançamento de O Espelho Atormentado, de Russel Edson, a 23 de Abril em Coimbra, ficou parcialmente documentado em vídeo.

Obrigado ESECtv. E obrigado mais uma vez à Camaleão e à Graça Capinha pela magnífica colaboração.

Etiquetas: , , , ,

É o socialismo, estúpid@!

Para que saiba, isto ou isto não é socialismo,
senhora doutora deputada Teresa Caeiro.

Etiquetas: , , , ,

Ferrugem

A injustiça corrói-me.

Etiquetas: , ,

07 maio 2008

Culpa



À senhora Dra. deputada Teresa Caeiro, que ontem mesmo – ao que parece na sua triste estreia como colunista do Correio da Manhã – explorava a ignorância com a sua demagogia barata sobre os ideais do 25 de Abril de 1974, tenho de dizer que o partido que a senhora deputada representa é tão ou mais responsável pela situação calamitosa que se vive em Portugal como os que vêm defendendo que se cumpra Abril. (Na prática será bastante mais responsável, pois o seu partido esteve no poder incomparavelmente mais tempo que qualquer partido de esquerda.)

Na verdade, à tão luminosa ideologia de direita, que, diz a senhora deputada, promove a criação de riqueza, a liberdade de escolha e o crivo da qualidade, é preciso acrescentar que o faz a qualquer preço, a atropelo de qualquer humanidade e defendendo, em primeiro lugar, os interesses dos mais fortes. (Tudo, claro, dentro da melhor tradição cristã.)

Dizer que o PS é um partido socialista no sentido de Abril é um absurdo. Como é um absurdo tomar o socialismo por exemplos extremos como Cuba e a Coreia do Norte. Se é certo que os ideais socialistas sofrem pelas duras realidades que a história foi revelando, que dizer da sociedade dita civilizada, ocidental, centrada no mercado, no consumo, no bem-estar material e na “melhoria do nível de vida”?

Na ressaca de 40 anos de ditadura, que tornaram este pequeno país num país pequeno, pobre, obsoleto, triste e desinteressante, como estranhar que as primeiras acções fossem controversas, radicais, inusitadas? Como não esperar que a escola inclusiva e que a ideologia libertária parecessem boas soluções?

O que é de estranhar é que os ideais radicais voltem a fazer-se sentir, 35 anos depois da revolução que libertou o país de um regime opressivo. Ou se calhar não são assim tão estranhas essas tendências, apenas se duvida da insipidez com que a revolta se vai fazendo sentir. Na verdade, o país atingiu – e não foi com ideais socialistas, sejamos honestos – o ponto mais baixo do seu desenvolvimento, na medida em que nunca como agora nos últimos 35 anos a diferença entre os poucos muito ricos e os muitos (e muito) pobres foi tão angustiante.

Estamos mal habituados, oiço algures, porque nunca tivemos tanto, nunca tivemos tanto em que gastar o pouco que ainda nos resta. É verdade, mas se assim é isso deve-se à defesa intransigente de um modelo sustentando pelo consumo, pela produção massificada e pela equalização entre propriedade e prosperidade. Certamente que a senhora deputada não se estava a referir a isto quando falava em socialismo.

Nunca como hoje se financiou tanto os cofres públicos – a excepção são, como se vê, os grandes grupos económicos, que parecem ser os únicos a fazer vingar a tese da competitividade fiscal face aos outros países para manterem um regime principesco, para o qual todos contribuímos, claro – mas nunca, como hoje, as lacunas do Estado foram tão gritantes, sobretudo para aqueles que têm maiores dificuldades em encontrar alternativas nos serviços privados, quando as há. Repare-se na tão propalada eficiência da máquina fiscal, que afinal não passa de uma manada de jumentos a quem acenaram com uma cenoura para cumprirem objectivos de receita, e mais não são que aqueles polícias de giro que, à ordem superior, são um dia por semana mais dados a autuar cidadãos incautos. Estes são, no resto dos dias, pouco dados a manter a civilidade e a impor regras de forma equitativa. Aqueles acabam por ser lestos a espremer o máximo dos que pouco têm para deixar fugir os que andam à vontade, os que preferem off-shores ou investir em familiares emigrados.

Isto passa-se aqui. E já se passa há muitos anos, incluindo aqueles em que no poder houve uma maioria de direita, que se preocupou em dar a mão aos empreendedores mas que não a deu vazia.

[em actualização]

Etiquetas: , , , , , ,