06 julho 2009

OFERECE-SE

Cidadão nascido no extremo oeste da península ibérica oferece-se para assumir cidadania de um país que não seja mesquinho, que não persiga os fracos para deixar passar os fortes, que não tire aos que pouco têm para que os que têm muito mais possam ter, que não lhe foda a cabeça!

Qualquer semelhança com a vontade, divulgada na imprensa nos últimos dias, de uma célebre pianista em abdicar da cidadania desse país no extremo oeste da península ibérica é pura coincidência. A verdade é que não suporto que me andem a chagar o juízo para provar que vivo com a minha mulher há mais de dois anos quando o mesmo Estado deixa os Dias Loureiros arrecadarem o deles como se nada fosse. E paga principescamente a Constâncio e sus muchachos para eles assobiarem para o lado quando algumas das maiores fraudes do nosso sistema financeiro são cometidas. E vou eu ter de perder horas de trabalho porque, pensa o Estado, eu sou um bandido, que só cá anda para enganar o Estado e fugir às suas obrigações fiscais. Eu. 
Como é que não há neste país mais gente a passar-se dos carretos? Esta gente não descansa enquanto não começar a haver mortos e feridos. Devem ter um manual como o das provas de aferição, em que diz assim: “Ide rubrica a rubrica descobrir onde podeis cobrar mais alguma coisa. Se ainda não assim não encontrardes, inventai.”

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18 maio 2009

Orgia dos dinheiros públicos


Luiz Carlos Prates, jornalista brasileiro do jornal Diário Catarinense, comentdor do Jornal do Almoço, da RBS TV de Florianópolis, e apresentador da rádio CBN Diário e da TVCOM. É formado em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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14 maio 2009

Censura, arbitrariedade e exclusão

A propósito da lei aprovada em França, que pretende limitar o acesso à internet a quem for apanhado a fazer downloads de conteúdos protegidos por direitos de autor, tem surgido alguma discussão, em especial depois das declarações do ministro da cultura.
Uma lei que bloqueie a ligação à internet a quem aceda a conteúdos ilegais (direccionada para os conteúdos com direitos de autor e de reprodução, como música, filmes e software), vai exigir controlo e censura. É só o primeiro passo.
Pior, vai favorecer o aparecimento de serviços de tunneling ou de proxys para navegação secreta. Os verdadeiros piratas, que fazem negócio com conteúdos ilícitos, não vão deixar de navegar e de ganhar. E, ainda pior, vai ser uma ajuda a quem partilha conteúdos pedófilos, racistas, etc.
Quem perde com isto tudo? Aqueles que até fazem downloads mas que nunca adquiririam a música, o filme ou o software, sobretudo porque não têm dinheiro para satisfazer as grandes multinacionais. Portanto, esta lei agora aprovada em França não vai acabar com a pirataria, quer é obrigar os internautas a serem consumidores bem comportados.
Também é ilegal emprestar CDs e livros. Para quando fiscalizarem isso? Ou passar a ficar registado quem compra o quê?
Já viram bem as implicações destas políticas?

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26 abril 2009

26 ou 24 de Abril?

O Grupo Auchan nas suas insígnias Jumbo e Pão de Açucar não vende produtos de foro pornográfico (como sejam DVD, revistas, livros, etc.). O referido livro, em virtude da sua linguagem, enquadra-se neste conjunto de artigos.
 
Uma passagem do comunicado emitido pelo grupo Auchan – e retirado do blogtailors – a propósito da posição tomada pelo responsável pela aquisição de livros, um tal Fernando Fernandes, sobre A Casa dos Budas Ditosos, de Ubaldo Ribeiro, obra que o dito FF considerou de teor pornográfico.
São situações que se vão repetindo aqui e ali e que demonstram o quão atrasada (e sobretudo retrógrada) ainda é a nossa sociedade, 35 anos depois do 25 de Abril.
Continuamos a deixar que nos digam o que é, como é, para quem é e a esquecermo-nos que entre as nossas orelhas existe um equipamento altamente sofisticado que nos deveria permitir tomar decisões baseadas na nossa observação e avaliação diligentes.
(A foto é de Craig Morey.)

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15 abril 2009

Isto tem de acabar!

Isto tem de acabar e estas coisas têm de ser divulgadas até à exaustão: não é possível que andemos a perder tempo e a extorquir aos mais indefesos, precários e com rendimentos médios e baixos – e, ao mesmo tempo, deixamos prescrever cobranças de milhões de euros aos bancos e a empresas financeiras de lucros astronómicos (isto apesar de grande parte deles serem os principais responsáveis pela crise que atravessamos). Ainda para mais, anda-se a multar os recibos verdes por não entregarem informação que, de qualquer maneira, o fisco já tem. Seria ridículo se não fosse degradante, criminoso mesmo.

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18 fevereiro 2009

I don't need sex

10 outubro 2008

Por que é que te calas?

Chegou-me por e-mail, pediam para divulgar e eu aceito o pedido:

ESTES SIM ... SÃO PRÉMIOS !!!

Fernando Nogueira:
Antes -Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do BCP Angola

José de Oliveira e Costa:
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)

Rui Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do BPN; Presidente do Conselho Executivo da FLAD

Armando Vara:
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora - Vice-Presidente do BCP

Paulo Teixeira Pinto:
Antes - Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora - Presidente do BCP (Ex. - Depois de 3 anos de 'trabalho', saiu com 10 milhões de indemnização!!! e mais 35.000 EUR x 15 meses por ano até morrer...)

António Vitorino:
Antes - Ministro da Presidência e da Defesa
Agora - Vice-Presidente da PT Internacional; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta (e ainda umas 'patacas' como comentador RTP)

Celeste Cardona:
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do CA da CGD

José Silveira Godinho:
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do BES

João de Deus Pinheiro:
Antes - Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora - Vogal do CA do Banco Privado Português.

Elias da Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação -
Agora - Vogal do CA do BES

Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato.

Etc.

O que é isto? Não, não é a América Latina, nem Angola.
É Portugal no seu esplendor.

Cunha? Gamanço?

... e depois este ESTADO até quer que se declarem as prendas de casamento e o seu valor.

Já é tempo de parar! Não te cales, DENUNCIA!

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18 agosto 2008

Adeus férias. Olá Portugal

Empresário entregou chaves da empresa nas Finanças em protesto contra acção do Estado

Um empresário decidiu suspender o trabalho de uma fábrica têxtil da Covilhã e entregar as chaves nos serviços de Finanças, em protesto contra a acção do Estado, disse hoje o próprio à Agência Lusa.
O empresário António Lopes protesta contra o facto de a firma ser alvo de penhoras por dívidas ao fisco, mas ao mesmo tempo ter verbas bloqueadas e acesso à banca vedado devido ao atraso de decisões judiciais.
António Lopes reabriu a fábrica de fiação depois de a ter adquirido em Dezembro de 2005, num processo de insolvência no Tribunal da Covilhã, mas até hoje nunca houve trânsito em julgado da aquisição.

A recuperação da empresa "tem sido feita com capital próprio dos gerentes, porque sem o processo concluído, não temos acesso à banca", disse o empresário.

Por outro lado, "a Fiper depende do trânsito em julgado para boa cobrança de 388 mil euros de IVA, ao passo que as dívidas ao fisco são de 36 mil euros. É fácil fazer as contas", desabafou António Lopes.

Uma notificação de uma penhora, recebida no dia 06 de Agosto, foi a gota de água que fez transbordar o copo. "Temos dinheiro para a pagar, mas já chega de brincadeira", disse.

Simbolicamente António Lopes entregou as suas próprias chaves [da empresa] ao chefe da repartição de Finanças [da Covilhã] naquele dia. "Já não basta limitarem a nossa gestão, ainda nos querem levar o dinheiro que temos disponível. Se é assim, que venham gerir a fábrica", justificou.

"As chaves lá estão, a empresa está encerrada e os 48 trabalhadores estão de férias. É nossa intenção continuar assim que seja revogada a penhora", sublinhou.

António Lopes entende a situação da sua empresa como "um alerta" para o Governo.

"Não podemos com o nosso silêncio ser cúmplices do que consideramos ser a destruição das pequenas e médias empresas", afirmou.

"Num país onde 20 por cento dos empregados têm ordenados penhorados, mais de 200 mil empresas têm dívidas ao fisco e 50 mil empresários estão ou vão estar com processos crime, há que perguntar: 
temos um Governo ou uma comissão liquidatária?"
[...]

(No Público.)11.08.2008 - 17h18 Lusa

É o mesmo procedimento que está a ser aplicado à generalidade dos contribuintes. Passou-se do tempo em que a fuga era generalizada, mas era permitida toda a classe de desvios no pseudo-cumprimento (pagar dívidas ao fisco com acções de uma SAD sem valor real, lembram-se?), para um em que todo o cidadão é prevaricador e o que importa é cobrar, cobrar, cobrar sempre.

Os serviços definham, a sua falta de qualidade é atroz (veja-se as confusões com as cobranças de registos iguais por valores diferentes nas Conservatórias), e ainda assim estamos sempre a pagar mais.

Em boa verdade, começa a perceber-se por que é que a banca tem uma situação tão privilegiada em Portugal: no fundo, a banca é o exemplo que o Estado segue – menos e pior serviço, menor risco para o prestador, custos mais altos para o utilizador. E querem sempre mais.

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26 maio 2008

O melhor do mundo


Na próxima semana assinala-se mais um Dia Mundial da Criança. É um bom pretexto para lembrar que há muitas crianças que gostariam que os seus pais fossem mesmo animais.

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07 maio 2008

Culpa



À senhora Dra. deputada Teresa Caeiro, que ontem mesmo – ao que parece na sua triste estreia como colunista do Correio da Manhã – explorava a ignorância com a sua demagogia barata sobre os ideais do 25 de Abril de 1974, tenho de dizer que o partido que a senhora deputada representa é tão ou mais responsável pela situação calamitosa que se vive em Portugal como os que vêm defendendo que se cumpra Abril. (Na prática será bastante mais responsável, pois o seu partido esteve no poder incomparavelmente mais tempo que qualquer partido de esquerda.)

Na verdade, à tão luminosa ideologia de direita, que, diz a senhora deputada, promove a criação de riqueza, a liberdade de escolha e o crivo da qualidade, é preciso acrescentar que o faz a qualquer preço, a atropelo de qualquer humanidade e defendendo, em primeiro lugar, os interesses dos mais fortes. (Tudo, claro, dentro da melhor tradição cristã.)

Dizer que o PS é um partido socialista no sentido de Abril é um absurdo. Como é um absurdo tomar o socialismo por exemplos extremos como Cuba e a Coreia do Norte. Se é certo que os ideais socialistas sofrem pelas duras realidades que a história foi revelando, que dizer da sociedade dita civilizada, ocidental, centrada no mercado, no consumo, no bem-estar material e na “melhoria do nível de vida”?

Na ressaca de 40 anos de ditadura, que tornaram este pequeno país num país pequeno, pobre, obsoleto, triste e desinteressante, como estranhar que as primeiras acções fossem controversas, radicais, inusitadas? Como não esperar que a escola inclusiva e que a ideologia libertária parecessem boas soluções?

O que é de estranhar é que os ideais radicais voltem a fazer-se sentir, 35 anos depois da revolução que libertou o país de um regime opressivo. Ou se calhar não são assim tão estranhas essas tendências, apenas se duvida da insipidez com que a revolta se vai fazendo sentir. Na verdade, o país atingiu – e não foi com ideais socialistas, sejamos honestos – o ponto mais baixo do seu desenvolvimento, na medida em que nunca como agora nos últimos 35 anos a diferença entre os poucos muito ricos e os muitos (e muito) pobres foi tão angustiante.

Estamos mal habituados, oiço algures, porque nunca tivemos tanto, nunca tivemos tanto em que gastar o pouco que ainda nos resta. É verdade, mas se assim é isso deve-se à defesa intransigente de um modelo sustentando pelo consumo, pela produção massificada e pela equalização entre propriedade e prosperidade. Certamente que a senhora deputada não se estava a referir a isto quando falava em socialismo.

Nunca como hoje se financiou tanto os cofres públicos – a excepção são, como se vê, os grandes grupos económicos, que parecem ser os únicos a fazer vingar a tese da competitividade fiscal face aos outros países para manterem um regime principesco, para o qual todos contribuímos, claro – mas nunca, como hoje, as lacunas do Estado foram tão gritantes, sobretudo para aqueles que têm maiores dificuldades em encontrar alternativas nos serviços privados, quando as há. Repare-se na tão propalada eficiência da máquina fiscal, que afinal não passa de uma manada de jumentos a quem acenaram com uma cenoura para cumprirem objectivos de receita, e mais não são que aqueles polícias de giro que, à ordem superior, são um dia por semana mais dados a autuar cidadãos incautos. Estes são, no resto dos dias, pouco dados a manter a civilidade e a impor regras de forma equitativa. Aqueles acabam por ser lestos a espremer o máximo dos que pouco têm para deixar fugir os que andam à vontade, os que preferem off-shores ou investir em familiares emigrados.

Isto passa-se aqui. E já se passa há muitos anos, incluindo aqueles em que no poder houve uma maioria de direita, que se preocupou em dar a mão aos empreendedores mas que não a deu vazia.

[em actualização]

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